VOCÊ SABE o que Gógol tem a ver com a Ucrânia?
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Cena do Ato II de O Nariz, durante ensaio. Dirigido por William Kentridge. Metropolitan Opera, Nova York, Fev/2010. Foto: Ken Howard.
Para adentrarmos em particularidades da cultura ucraniana, selecionamos alguns trechos do nosso livroENSAIOS SOBRE A GUERRA Rússia Ucrânia em que o professor Henrique S. Carneiro discorre, entre outras coisas, sobre a cultura ucraniana com destaque para Nikolai Gógol e Taras Shevchenko.
O que Gógol tem a ver com a Ucrânia?
Segundo o professor Henrique S. Carneiro, "de todas as nacionalidades sob domínio do império tsarista, a Polônia e a Ucrânia foram as mais importantes em território e população. Os ucranianos, apesar de serem talvez o mais numeroso dos povos eslavos, após os russos, nunca tiveram a plenitude de sua autonomia nacional, com sua língua proibida e seu território separado. Chamados de rutenos, na Galícia, só no século XIX, a partir do poeta Shevchenko, deram início à história da literatura nacional ucraniana.
Taras Shevchenko (1814-1861) foi um servo, até ter sua emancipação adquirida por amigos escritores, como o pintor Karl Briullov, que vendeu um quadro do tradutor de Homero ao russo, Vassíli Jukóvski, para reunir o dinheiro com o qual comprou, em 1838, a liberdade de Shevchenko.
A literatura russa tem em Nikolai Gógol (1809-1852) um dos seus mais importantes escritores na primeira metade do século XIX. Nascido na Ucrânia, tirou dessa tradição cultural, de suas lendas e canções, a matéria-prima mais importante de sua obra. A monarquia absolutista russa era a mais reacionária da Europa, segundo Marx, pela condição social da servidão, mantida oficialmente até 1861. Os proprietários que usavam os servos já falecidos como parte do seu capital declarado a fim de hipotecar suas terras e obter empréstimos bancários são os personagens de sua mais célebre narrativa Almas mortas.
A alma russa, para Gogol, era ucraniana. Não só pelo fato de que o estado mais antigo ter se constituído em Kyiv, mas porque o componente cossaco dessa nação seria um elemento de liberdade num mundo russo de semiescravidão. Gógol vê Kyiv como a Atenas russa e se apresenta como um Tucídides da Pequena Rússia, como se chamava a Ucrânia no século XIX.”
(CARNEIRO, Henrique S.)
Performance de O Nariz. Dirigido por William Kentridge. Metropolitan Opera, Nova York, Nov/2013. Foto: Ken Howard.
Henrique Soares Carneiro é professor doutor no Departamento de História da Universidade de São Paulo, onde coordena o Laboratório de Estudos Históricos das Drogas e da Alimentação (LEHDA), também é membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP) e da Alcohol and Drugs History Society (ADHS). Mestre e doutor em história social pela Universidade de São Paulo. Realizou estágios acadêmicos na França e na Rússia. Publicou sete livros e coeditou outros dois.
[Esse post faz parte da série "VOCÊ SABIA...?", que traz perguntas e respostas dos autores que participam do livro.]
Isso e muito mais você encontrará em nosso livro ENSAIOS SOBRE A GUERRA Rússia Ucrânia. Uma discussão fundamental para pensar o trágico conflito no Leste Europeu que coloca em risco a já precária "paz mundial".
Nosso livro, organizado por Bruno Gomide e Neide Jallageas, reúne ensaios teóricos de pesquisadores do Brasil e do exterior que se dedicam, há tempos, a estudar o mundo eslavo e, em particular da Rússia.
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As imagens selecionadas para compor esse vídeo são de William Kentridge, (nascido em Joanesburgo, África do Sul, 1955), aclamado internacionalmente por seus desenhos, filmes, teatro e produções de ópera.
Seu método combina desenho, escrita, filme, performance, música, teatro e práticas colaborativas para criar obras de arte baseadas em política, ciência, literatura e história, mas mantendo um espaço de contradição e incerteza.
Cena do Ato II de O Nariz, durante ensaio. Dirigido por William Kentridge. Metropolitan Opera, Nova York, Fev/2010. Foto: Ken Howard.
O compositor Dmitri Shostakóvich (1906-1975) tinha apenas 22 anos quando escreveu essa que foi sua primeira ópera, em 1928, uma sátira do gênero humano, exponente do absurdo e feroz crítica à burocracia em pleno apogeu do comunismo
O Nariz foi considerada uma obra-prima do futurismo pela introdução de peças unicamente de percussão, foi recebida com críticas por seu suposto elitismo e teve apenas 16 apresentações ao estrear em 1930 na ex-União Soviética, onde não voltou à cena até 1974.
Nosso precioso livro Minha vida é o cinema, de Esfir Chub está sendo diagramado. E, como degustação, disponibilizamos a rica Introdução em nosso site e vocês podem conferir aqui. Sendo um texto que coloca em realce o papel fundamental da cineasta, foi escrito pelo diretor revolucionário Serguei Iutkiévitch que, além de ter sido um aluno aplicado da Chub, integrou um dos mais incríveis coletivos de arte experimental soviética revolucionária, a FEKS: Fábrica do Ator Excêntrico, que abrangia a cena como um todo: DESIGN, TEATRO e CINEMA. Corre lá para conferir que lindo é tudo que Iutkiévitch escreve sobre a CHUB enquanto vamos caminhando com o projeto editorial do livro.
Para você ter mais uma ideiazinha do que contamos aqui, um dos filmes mais incríveis que sobreviveram ao tempo, realizado pela FEKS, é O CAPOTE.
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